quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Passos de Los Libres – Monte Caseros 70Km 10/01/2010

Começarei esse texto com a seguinte palavra: DESCULPE! Tentarei fazer uma regressão para relatar o que passou naquele dia.

Hoje dia 22 de setembro de 2010, 3:28 da manhã, tomando um mate bem bagual e tentando fugir da nostalgia que me cerca no momento, tentarei viajar novamente para os momentos de aventuras que vivenciamos.

Depois de uma noite turbulenta e de muita chuva, guardinha batendo palma ao lado da barraca e ecoando no cérebro de todos , levantamos com um humor matador, querendo reverenciar a mãe do sujeito de varias formas. Claro que a vontade foi sanada e começamos fazer o que era de costume, dobrar, secar, arrumar e tomar um café da manhã. Então fomos até a loja de conveniência e nos munimos de mantimentos: macarrão, chocolate, bolachinha recheada...

Pedalada foi tranqüila: iniciamos a pedalada observando as nuvens que se movimentavam de forma rápida, cultivando a esperança que não iríamos pegar mais chuva. Não fizemos almoço, e sim, para falar bem a verdade, comemos besteiras calóricas que nos deram energia para nos levar até um posto em Monte Caseros, mas claro que no meio do caminho paramos para descansar um pouco e tentar dormir com as nossas amigas moscas e mutucas.


Era Domingo e o sol não tinha se posto, lembramos da musica “Lembrança do meu Cambicho” de Leopoldo Rassier “Num fim de tarde... de qualquer domingo... encilho o pingo saio faceiro.. . ... ... realmente estava um fim de tarde muito bonito, daqueles que paramos para sentir o vento trazer o silêncio do nosso próprio pensamento. Paramos neste posto e nos informamos que o próximo posto ficava há 20 km e provavelmente estava fechado. Então resolvemos ficar por ali mesmo. Estávamos com fome e de imediato ao lado da loja conveniência que estava fechado, existia uma micro conveniência que compramos sanduíches prontos de pães amanteigados com frios e uma coca-cola bem gelada que tomamos nos cuidando para ninguém tomar mais que o outro.

Montamos acampamento, enquanto alguns tomavam banho, outros estendiam roupas molhadas da noite passada e eu desta vez estava com a tarefa de fazer a comida (lentilha com arroz). Desta vez usamos gasolina, que “pretiou” toda a panela, mas o fogo foi mais eficaz.

Como se fosse agora, lembro que compramos um vinho de caixa e ficamos lendo, conversando o que passamos, e o Lucio anotando tudo no caderninho para postarmos no blog. Já era noite e o céu estava estrelado, fogo incandescia o fogareiro, o vinho era um ritual, as roupas penduradas, estávamos nos sentindo verdadeiros viajantes/ciganos/nômades, sentindo uma liberdade que no momento me da um nó na garganta e uma alegria inarrável de estar lá, naquele momento, feliz, sem preocupação, com os meus grandes amigos que tenho uma admiração por ter passado esse momento comigo. Lembro que dormimos muito bem.


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Alvear - Passo de los Libres. 114 Km.

Rendemos bem no plano. Alias ficamos muito felizes com isso, nada como as retas argentinas pra pedalar, alta velocidade mesmo, coisa linda de se ver.


Rodamos pela ruta 14. Muito bom o asfalto, mas sem acostamento e bastante movimentada. A retaguarda sempre alerta pra quando viesse algum caminhao, e agora nao podiamos titubear: Sempre olhando pra trás; caminhao; grito de alerta "caminhaaaooo, desceeeee"; e a galera toda caindo pra lateral cheia de pedregulhos. Isso fazia perder um pouco o ritmo, mas enfim, a maioria dos caminhoes nos ultrapassava pela outra pista nos ajudando bastante assim, o asfalto bom, e tudo plano... Um pouco estressante mas rendendo bem.


Cozinhamos na "Mutucaland". Voces conhecem mutuca? - É tipo uma mosca grande que pica e dói pra c#%@&... E tava cheio! Enfim, cozinhamos sempre espantando as mutucas, nao conseguimos dormir depois do almoco, tava um calor from hell... E pra descansar um pouquinho, toda hora tinha que espantar a mutuca que pousava antes dela picar.

Adeus Mutucaland, caimos na estrada de novo.


Retas planas de dar gosto... Teve uma hora que de bobeira e empolgacao o papai parrudo puxou uma carreira  de 50km/h, Gesiel ficou pra trás e depois chegou dizendo: "Voces sao loco, vao se F%&¿, eu nao vou me estraviar fazendo essas piruzisse". hahahaha

Chegando em Passo de los Libres dormimos num posto Petrobras. Sim, tem muitos postos BR na Argentina e... o preco da gasolina aqui é a metade do nosso aí!! Bom, valeu Petrobras e governo brasileiro por vender gasolina mais cara pra nós e mais barata pra eles. Enfim, coisa de impostos, concessoes, mercado e bla bla bla... mas po! Mas seguindo a história, armamos as barracas nesse posto onde havia um bom banheiro e vários caminhoneiros dormiam lá por ser seguro e oferecer bons servicos.


Jantamos num bar que tinha ao lado e capotamos nas barracas. A noite, chuvarada forte, barraca entrando agua, noite mal dormida. No meio da noite eu e o Rossano nao aguentamos. Tava ruim de dormir, barraca molhada, vento, chuva intensa... contamos até 3 e saimos em disparada carregando a barraca pro abrigo do posto e lá pindiramos ela pra secar. Ficamos dentro do conveniencia do posto batendo papo até quase de manha. O sono bateu e fomos la pedir abrigo nas barracas do papai parrudo e do kid micose, que estavam secas.


As 7:30h um funcionario do posto foi la dar a alvorada batendo palmas dentro do meu cerebro (era o que parecia). Dizia que o dono ia chegar e bla bla bla tinhamos que sair.



Saimos cansados pedalando mal dormidos

Santo Tomé - Alvear. 95 Km

Tivemos uma boa noite de sono acampados no quintal do camarada Adolfo, deu pra recuperar um pouco as energias gastas nos ultimos dias de pedalada. Saimos pra almocar uma milanesa com massa e depois fomos pra praca central, descansar o almoco e respirar um pouco o clima da cidade. Era por volta de umas 15:00 e a cidade estava deserta, Mauro estava conosco e nos explicou que o comércio funciona das 8:00 as 12:00 e depois das 17:00 as 22:00, em todo o país as coisas funcionam mais ou menos nesse ritmo, salvo a grande Buenos Aires, claro. Descansados do almoco, comecamos a levantar acampamento e Mauro resolveu pegar uma carona com o grupo e ir até a área rural de Alvear onde iria trabalhar nos campos de um primo. Depois de uma hora o camarada Mauro chega parecendo um "sem-terra bicicleteiro", o cara levava na bike uns 50 kilos de tudo o que se possa imaginar haha, era cobertor, chimarrao, barraca, e tudo isso envolto em uma lona preta, uma confusao só!

Seguimos viagem escoltados pelo companheiro Adolfo que foi de moto até o km 40, chovia muito e ele tinha alertado sobre os perigos da rota 14, na qual  passaríamos os proximos dias. Clima tenso, a estrada nao tinha acostamento, tinhamos que ficar atentos aos caminhoes e se necessário sair da estrada e dar passagem, vale lembrar que a rota 14 é conhecida como a " rota da morte", algo como a BR- 101 do nosso querido Brazil-zil-zil.

Por fim o vento ajudou bastante e a estrada era plana como nunca tinhamos visto( obrigado meu deus). Já quase chegando no nosso destino do dia, tomamos um susto com nosso amigo Mauro, o cara perdeu o equilibrio passando por cima de uma ponte e foi de encontro ao muro de protecao, eu (Gesiel) estava logo atras e pensei que ele tinha se machucado, o tombo foi feio! Por sorte ele estava bem, só com alguns arranhoes e seguimos até Alvear. Lá nos abrigamos na "Gendarmeria" , que seria algo como a polícia rodoviaria federal do nosso tropical e incorruptível Brasil. Fomos extremamente bem recebidos lá, os policiais gostaram da aventura e queriam saber mais sobre a nossa idéia louca de atravessar o continente de bicicleta. Dormimos num gramado lisinho, perfeito pra colocar a barraca.

... E chegamos na Argentina!! Sao Borja - Santo Tomé. 27 Km

Duana,,, Aquele gás a mais.

Esperávamos uma outra Sao Borja do outro lado do rio, mas nao. Cidade bacana, tranquila, bonitinha. Santo Tomé também vai ficar nas nossas memórias: Estávamos andando pela cidade, a primeira cidade argentina do curriculo, e eis que do nada surge um figurao com uma P*#$ bike de viajante, bagageiros na frente e atrás, toda preparada pra guerra, mas sem a bagagem, sem os alforges. Mais uma vez fomos abordados antes mesmo de encontrar um lugar pra ficar. Trocamos uma idéia com o Mauro, que nos apresentou a cidade todo empolgado... Ele ja fez umas viagens de bike também, já competiu, etc. Nos levou até o kiosko do seu amigo Adolfo, agora também nosso mais novo amigo que naquela noite nos cedeu o quital da sua casa para montarmos as "carpas" e "nos quedarmos aquella noche". Ainda no kiosko, tomamos uma Quilmes. E outra. E mais uma. Dai o Adolfo botou outra pra roda. Enfim, brindamos a chegada na Argentina onde fomos muito bem recebidos, ao contrario do que imaginávamos, quebrando tabus. Essa tal rivalidade ai é coisa do Galvao Bueno, coisa da Globo. Fomos e estamos sendo muito, muito bem recebidos na Argentina. Todos gritam "suerteee" quando passamos.

Na casa do Adolfo fizemos um choripan (que aqui todos comem tipo quase todos os dias), Batemos altos papos enquanto meu español tentava voltar... Depois fomos pra um pub bem legal onde jogamos sinuca e demos boas risadas, de brinde aprendemos o que sao ªconchetasª (nao sei como se escreve isso, é uma giria), que na real nao vou explicar aqui, quem quiser saber que me pergunte. Depois ainda nessa mesma noite fomos conhecer o Cassino da cidade, que é bem bonito, tem um hotel e tal...

Fabricio ganhou um regalo de Adolfo: Um capacete. Bah! Ficamos surpreendidos com tanta gentiliza. O cara nos recebe na casa dele, tudo mais, e antes de irmos embora o Fabricio ainda ganhou um capacete! (sim, o Fabricio nao tinha um).

No dia seguinte: Milanesa, picolé, praca da cidade e pé na estrada. O Mauro foi com a gente!
Muito loco esse Mauro, figurassa de trejeitos inconfundíveis. Adolfo pedalou conosco um bom pedaco, na sua super bike Oxea delicinha, depois pegou a moto e foi escoltando por uns 30 km. Muito loco isso também, nao vamos esquecer disso. Geralmente somos bem recebidos, dessa vez de novo fomos abordados, agora por ciclistas locais. Mauro foi conosco até Alvear, aproveitou depois pra passar uns tempos na casa de uns parentes lá.

Argentina de bicicleta. Incrível.

Sto Antonio das Missoes - Sao Borja. 85 Km.

Almocamos no Mikika, esperamos a tempostade passar, agradecemos e saimos na chuva, que ao contrario do vento já estava fraca. Quando iamos saindo de Santo Antonio lá estava o Mikika parado com a camionete se rindo todo. Gesiel havia esquecido documentos... Esse Gesiel, quero ver quando ele esquecer a bicicleta.

Bom, a chuva parou, o tempo abriu, e só entao o terreno ficou plano de verdade. Rarissimas subidas e descidas, o que pro pedal é muito bom. Atravessamos o Rio Grande do Sul o tempo inteiro no sobe e desce que é pra acabar com o negovéio, nao se podia seguir um ritmo, isso faz cansar mais me parece.

O trecho até Sao Borja foi com vento direto, complicado pra pedalar, mas pelo menos tudo plano, que já facilitou bastante. Fabrício teve pneu furado duas vezes. :/
Chegando em Sao Borja, cidade de fronteira, logo percebemos aquele clima:  Desconfianca, canto de olho, muitos motéis e casas de mocas (com cedilha)... Em Sto Antonio já haviam nos avisado que em Sao Borja te roubam as meias sem tirar os tenis.
Bueno, conseguimos pouso na Brigada Militar. Chuveiro, galpao, aquela coisa. (sentados na sorte como diz o André). Saimos e a noite pra comer algo e encontramos pastel por 1 Real incrivelmente bom... Os precos comecaram a baixar, isso anima bastante.

No dia seguinte acordamos e saimos pra comprar pneu e camara pro Fabricio porque os que ele tinha nao estavam encaixando bem no novo aro comprado em Ijuí. Compramos, fizemos os reparos e trocas em plena praca do centro de Sao Borja, onde no banheiro publico eu recebi uma proposta indescente, suja e bizarra. Fiquei invocado, agradeci e saí fora. Nao se pode dar muito papo... hahaha, depois fui obrigado a rir. Fronteira é phoda. Na verdade foi bem engracado, mas eu podia ter ido dormir sem essa.

Almocamos uma "a la minuta" e tocamos o barco. Esse trecho foi incrivelmente empolgante... A caminho da ponte internacional, asfalto bom, novo, plano, e a vista do Rio Uruguai. Gritos de empolgacao e energia de sobra. Passamos pela Duana, papelada, trocamos uns Reais por Pesos Argentinos e...

Sao Miguel das Missoes - Sto Antonio das Missoes. 93 Km.

Logo no início da pedalada o pneu do Fabrício fura ( isso que dá trazer uma bicicleta italiana do séc XV) , O calor castigava, era por volta das 16 horas, pausa pra uma água na beira da estrada, fizemos os devidos reparos e continuamos. Chegamos em Santo Antonio das Missoes já era noite, eu ( Gesiel) estava no meu limite, ainda bem que o grupo decidiu ficar na cidade e nao pedalar mais, naquele dia. Um morador local nos indicou a pousada do seu Mikika, fomos até pedir hospedagem, explicamos sobre a viagem, o projeto e que tinhamos pouco dinheiro. A pousada estava lotada, mas seu Mikika muito bondosamente nos ofereceu uma área onde poderiamos montar as barracas, sem pagar nada. De pronto aceitamos e ficamos por ali mesmo.

A noite foi díficil, muitos insetos, muito calor, fiz minha cama no piso, depois levei pro quintal, depois acordei e bah, depois desisti de dormir. Lá pelas 6 seu Mikika nos acordou porque precisava usar a área pra servir o café da manha, meio dormindo ainda comecamos a arrumar as coisas, quando o Rossano me chama :"Vem ver isso!" Ele olhava pro céu, logo meus olhos captavam a maior nuvem carregada que eu ja tinha visto ( algo no estilo Independence Day), o vento batia forte, o mundo ia desabar, era fato. Enquanto a chuva caia aproveitamos pra dormir um pouco e ja ficamos pro almoco. Tivemos o prazer de almocar com alguns gaudérios que só tem no Rio Grande do Sul. Me lembro do Paulo, um senhor gordo, nos contou uma história memorável enquanto bebericava uma cerveja e fazia a digestao. Dizia ele que procurou o túmulo do seu falecido avô durante 30 anos sem sucesso, parece que só cinco pessoas tinham assistido a ao enterro e essas cinco ja tinham falecido também. E acreditem, ele descobriu recentemente que seu avo faleceu ano passado na Rússia com seus 99 anos e que o primeiro enterro tinha sido forjado, porque o avô era um espiao da KGB e forjar o propria morte era necessário pra se tornar um espiao. Incrível nao? Logo em seguida aproveitando a deixa, outro senhor que estava sentado a mesa inicia mais uma prosa dizendo : "Eu posso morrer feliz porque fui amante da neta do Jânio Quadros". Conta que só nao casou com ela porque mulher rica tem marido escravo e ele nao queria ser mandado por nenhuma mulher, isso é que é cara bagual tche!

(Fotos do Independece Day, logo mais. Aguardemmm)

Trovao, ventania e raio...

... De enxergar o pago inteiro! 

Ijuí - Sao Miguel das Missoes. 89 Km 

Acordamos mal dormidos, e fomos levar a Regina( bike do Fabrício) pro conserto. Perdemos quase o dia inteiro pra conseguir ajustar ela, enfim saímos com o céu nos avisando : vai chover. Nao demorou muito e a chuva forte caiu, como pra lavar o espírito, todos riam. Adrenalina forte, a visibilidade era pouca, desciamos as ladeiras 50 km/h desviando dos caminhoes, cada movimento tinha que ser preciso, o asfalto estava escorregadio e nossas bikes ( exceto a do Lúcio) nao estavam com pneus próprios pra chuva, continuamos assim mesmo..e como vovó já dizia: " depois da tempestade vem a calmaria", e logo a chuva de verao se foi.

O relógio já contava 22:30 horas, paramos num posto de gasolina no meio do nada e a próxima cidade estava a 16 km de estrada com más condicoes e fora da rota ainda por cima. Estavamos exaustos e precisavamos de uma boa noite de sono, a única saída era continuar e pedalar mais um pouco.

Nós nao sabìamos ainda, mais os próximos 16 km seriam os mais longos das nossas vidas.

Pegamos a rota rumo à Sao Miguel das Missoes, ajustamos as nossas lanternas, sinalizadores , montamos na bike e "vamos lá". " Dois quilometros depois, já tinhamos nos afastados de qualquer luz, nenhum carro passava, nenhuma casa, nenhum posto,nada. Estavamos rodeados de campo e nossa luzes só nos possibilitavam ver 2 metros a nossa frente. Nao tinhamos referencial nenhum de qual velocidade estavamos, se teria uma curva ou nao, sò sabíamos se estavamos descendo ou subindo pela tracao da bicicleta. Atencao total, respiracao pesada, um buraco na estrada poderia resultar em uma queda feia e seria o fim da viagem pra alguem, possivelmente. Parar ali seria loucura, tinhamos que continuar. No horizonte um clarao, seguido de um barulho estrondoso, pensei : "vai chuver, fudeu". Em menos de 5 minutos a água caiu violentamente, e se antes a situacao estava crítica, imagina agora
.

Nos proximos minutos, o grupo pedalou em silencio, o medo era visível, até nos que nao admitem. Segurei firme na bike, esperando a queda. Os relampagos eram as únicas luzes guiando o caminho, o tempo passava devagar. Adrenalina máxima, é como desafiar a natureza, os limites, o bom senso. Depois de muito tempo, muito tempo mesmo , conseguimos enxergar as luzes redentoras da cidade, aceleramos o ritmo, queriamos sair logo dali. Nao sei como até hoje, mas chegamos sem nenhum arranhao em Sao Miguel das Missoes, fomos direto pra um hotel descarregar a bike, tomar um banho quente e dormir que nem anjo, nós merecíamos.

Nos acomodamos no hotel, preparamos um " macarrao clandestino" utilizando o fogareiro dentro do quarto haha, estavamos tao exaustos que dormimos antes do macarrao ficar pronto, bueno acordamos, comemos e deitamos num colchao pela primeira vez na viagem, quase nao acreditei.

Acordamos e fomos visitar as ruínas jesuíticas. Lá encontramos dois companheiros de pedal, um estava vindo de Assunción - Paraguai e ia até Joinville,  o outro saiu de Cruz Alta- RS e ia em direcao as "Missiones Argentinas". Conversamos sobre as pedaladas enquanto visitavamos o território arqueológico missioneiro. Ruínas imponentes, difícil conceber uma construcao tao complexa, com tao poucos recursos no meio de um continente quase inexplorado, naquela época pelo menos (leia-se sarcasmo). Em meados do séc 17 o povoado de Sao Miguel das Missoes contava com 7 mil indígenas e teve sua derrocada após as guerras guaraníticas e a revolta dos indígenas contra a demarcacao imposta pelo Tratado de Madri.

Fotos depois. (temos uma foto do momento em que chegamos no hotel, ainda na chuva e tal)